Um raciocínio rápido, porém urgente. http://sociedademilitar.com.br
Os militares brasileiros tem sido representados há bastante
tempo pelo senhor Jair Bolsonaro, que ao contrário do que se poderia imaginar,
vem sendo mais bem votado a cada pleito. Lembramos que Bolsonaro começou como
vereador em 1988. Em 1990 se elegeu deputado federal. Nas últimas eleições ele
recebeu mais de 120 mil votos, se consagrando como o 11º entre os 46 deputados
eleitos pelo Rio de Janeiro.
De algum tempo para cá o senhor Bolsonaro parece ter
conquistado um novo público, as pessoas que se identificam com suas posições em
relação à família, e isso praticamente lhe garante uma posição consolidada em
Brasília, mesmo que os militares não estejam tão satisfeitos com sua atuação.
Poucos estados da federação são tão “propícios para o início
da formação de uma bancada militar no Congresso como o estado do Rio. Lá se
concentra a maior parte do efetivo das forças armadas. O Rio de Janeiro é
densamente povoado por militares e familiares, podemos citar várias cidades
metropolitanas e localidades periféricas onde residem milhares de militares e
familiares. São Gonçalo, Duque de Caxias, São Pedro da Aldeia e o próprio
município do Rio de Janeiro são cidades em que já deveriam existir vários
vereadores oriundos das forças armadas.
Muitos membros das forças armadas que vão para a reserva,
mesmo tendo migrado para o Rio por conta de transferências a serviço,
permanecem residindo no estado. Deveria ser de se estranhar que Jair Bolsonaro
tenha permanecido desde 1990 como único representante. Os militares estão
demorando muito a se unir em prol de eleger representantes para o congresso.
Será que muitos não têm ainda consciência dessa necessidade, ou simplesmente
agem desleixadamente nesse sentido?
Nas próximas eleições.
Utilizando ainda o Rio de Janeiro como exemplo, e os
candidatos a vereador que se propuseram a representar os militares
no estado, percebe-se que o número de votos não foi tão expressivo, somaram
somente por volta de 7.000 votos. O deputado federal eleito menos votado no Rio
de Janeiro em 2010 foi o Senhor Jean Whilys, com 13.000 votos. Contudo,
ressaltamos que a votação recebida pelo ex BBB e homossexual assumido nem de
longe foi expressiva, na verdade ele foi “puxado” pela enorme votação que
recebeu Chico Alencar e quase foi cassado, se o PT tivesse conseguido
contabilizar os votos recebidos pelos candidatos com registros negados.
Pela enorme quantidade de militares, familiares e pessoas
comprometidas com a família tradicional, honestidade e amor verdadeiro à
pátria, temos certeza que somente no Rio de Janeiro a família militar poderia
eleger mais um ou dois deputados federais além de Bolsonaro, sem contar os
vários deputados estaduais, mas para isso será necessário um trabalho de base,
que comece com urgência. Os militares na verdade estão ansiosos por um
representante a altura de seus anseios e ideais, um candidato que atue de forma
inteligente para mudar a política sufocante que tem sido imposta pelo governo
federal.
Há também de se considerar a possibilidade de se angariar
contribuições para a campanha de um candidato com reais possibilidades, as
doações aparentemente insignificantes levaram Marina ao terceiro lugar no
pleito para presidente. Foram milhares de doações de R$ 5 e R$ 10 reais.
Dinheiro faz muita diferença quando se trata desse assunto. Não podemos
investir 10 mil reais em uma campanha e achar que podemos superar candidatos
que investem 200 mil, 500 mil ou 1 milhão. Bolsonaro investiu quase 200 mil
reais em sua campanha.
Há ainda algo interessante que já se constatou, os pequenos
doadores, ou seja, aqueles que investem 50 reais, ou mesmo 10 reais em um
candidato, se tornam cabos eleitorais tremendamente eficazes, suas famílias e
seus amigos normalmente acompanham seu voto. Afinal, eles não “falam da boca
pra fora”, eles confiaram no candidato a ponto de investir no mesmo.
INTELIGÊNCIA.
Já publicamos aqui em http://sociedademilitar.com artigo
mostrando que um deputado federal agindo de forma inteligente e angariando
apoios certos poderia ser muito eficaz. E há mudanças necessárias a ser
discutidas. Sabe-se que a iniciativa legislativa para qualquer modificação no
tratamento dispensado aos militares tem de partir do próprio “patrão”, ou seja,
leis que alterem salário e condição profissional dos militares tem de sair de
dentro do planalto. O que é uma norma tremendamente arbitrária. Ora, se vivemos
em uma democracia representativa os nossos representantes deveriam ter o
direito de propor aquilo que interessa aos representados - os militares não tem
esse direito - entende-se então que a autorização para os militares votarem
para candidatos ao legislativo federal é no fundo uma grande mentira.
Podem eleger representantes, mas estes não podem legalmente
os representar. Contudo, o texto pode ser mudado na medida em que os militares
forem mais bem representados, qualitativa e numericamente. É preciso modificar
o item do texto do artigo 61 da Constituição Federal que concede ao executivo a
exclusividade da iniciativa legislativa em assuntos atinentes aos militares. E
além da iniciativa privativa ainda há o artigo 63, norma que impede que no
parlamento sejam propostas modificações nos projetos do executivo referentes
aos militares se estas implicarem em aumento de despesa, ou seja, o governo se
“blindou” muito bem nessa questão, tornando o chefe do executivo um verdadeiro
ditador no que diz respeito a situação profissional e salarial dos membros das
forças armadas.
Veja: Art.61 CF1988 - § 1º - São de iniciativa
privativa do Presidente da República as leis que:Disponham sobre: f) militares
das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções,
estabilidade, remuneração, reforma e ... e Art. 63 CF1988 -
Não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa
exclusiva do Presidente da República...
Robson A. Silva – Cientista Social - Escreve para Revista
Sociedade Militar. http://sociedademilitar.com.br