Essa semana recebemos por
e-mail o resultado das eleições para a diretoria da instituição, que certamente
expressam a posição da oficialidade do exército acerca do comportamento que
esperam que a instituição assuma daqui por diante. O índice de abstenção foi
altíssimo.
O Clube foi personagem
essencial em vários momentos cruciais da política brasileira, por conta disso
seu posicionamento político diante do cenário nacional, observado pelos
principais analistas políticos, é tido como uma amostra do pensamento não só da
reserva, mas também dos militares que estão na ativa.
Ha alguns meses o General Marco Felício, candidato à
presidência da entidade (Chapa tradição, coesão e ação – 570 votos), publicou: “A
Instituição será maculada, violentada e conspurcada diante da leniência de todos
aqueles que não pensam, não questionam, não se importam, não se manifestam... ”
e “A imposição de apuração de pretensas torturas em unidades militares, durante
a Contra-Revolução de 64, solicitada pela famigerada Comissão da Verdade,
dilacera as entranhas das Forças Armadas (FFAA) e mostra falta de sensibilidade
e de firmeza dos comandantes das Forças no exercício das lideranças respectivas...
Nas ruas, a estupefação é geral com a passividade dos comandantes militares das
Forças diante de tais agressões.”
“O Clube Militar... Deve se opor, fortemente, à
propagação de uma nova e mentirosa estória que desonra as Forças Armadas e
transforma heróis em bandidos e bandidos em heróis, apoiando, de todas as
formas, os militares que combateram a subversão comunista.”
Note-se
que o General Marco Felício revela que acredita que os comandantes militares
padecem de falta de firmeza e que a sociedade está estupefata com a atual
passividade destes. O mesmo general é o autor do manifesto chamado “eles que venham, por aqui não passarão”,
endossado por centenas de generais e oficiais das Forças Armadas.
O
texto de Marco Felício, onde apresenta sua candidatura, revela ainda um quê de
indignação com a passividade do Clube Militar diante da intromissão
governamental, que determinou a “despublicação” de texto conjunto dos três
clubes militares.
“O Clube Militar é uma associação civil, não
subordinada a quem quer que seja, a não ser a sua Diretoria, eleita por seu
quadro social... Há vários anos que esta face do Clube está oculta. ”
O
Coronel Gobbo, também candidato, por outra chapa (Monte
Castelo – 486 votos), publicou: “... É
absolutamente indispensável que, no campo político, o Clube Militar reconsidere
sua posição e se consagre decididamente à luta contra esse estado de coisas. A
Diretoria que deve ser eleita neste ano tem que estar completamente consciente
dessa necessidade, inteiramente ciente das responsabilidades e dos esforços
implicados nessa decisão e perfeitamente preparada e competente para
assumi-los. Os Comandantes das Forças Singulares estão exilados do poder. Cabe
ao Clube Militar preencher esse vácuo e, no que estiver ao seu alcance, fazer
aquilo que está fora do alcance deles. Deve combater e derrotar os esforços
para desprestigiar as FFAA, como a comissão da calúnia, o acordo de solução
amistosa, a revirada dos mortos em seus túmulos, a troca de nomes honrados e
veneráveis por outros salpicados da lama da traição à Pátria”.
No seu programa de ação
Gobbo dizia: “Nosso propósito é
transformar o Clube em um verdadeiro porta-voz dos militares, de terra, mar e
ar, tornando nossas sedes de lazer cada vez mais agradáveis para frequentar e
recolocando o Clube na posição de poderoso protagonista da vida política
nacional... o Clube Militar tem que ter
condições para mostrar claramente à sociedade brasileira, em particular à
nossa juventude, os perigos embutidos no canto de sereia desses arautos do
apocalipse”.
Outra chapa (determinação –
360 votos), a do general Paulo Roberto Corrêa Assis, não apresentou postura tão agressiva quanto as
anteriormente citadas. Contudo, tinha uma proposta que poder-se-ia chamar de
inovadora, já que propunha uma solução política a médio prazo para as questões
que afligem os militares. O Trecho mais interessante, dentro do foco tratado
aqui, seria: “... Buscar aglutinação da
família militar no sentido de eleger representação nos três níveis do
Legislativo, incentivando o direito cívico do voto através de uma
mobilização pró-eleições a níveis Municipal, Estadual e Federal”.
A
chapa vencedora, Consolidar e Modernizar, chefiada pelo General Pimentel,
aparentemente apoiada pela atual diretoria, recebeu 1023 votos, praticamente o
dobro do que recebeu a chapa que ficou em segundo lugar. No texto de apresentação da chapa não
percebe-se a ousadia e indignação notadas nas outras chapas, particularmente as
do General Marco Felício e a do Coronel Gobbo. O texto se inicia de forma
bastante moderada, com um viés que trata o clube como uma agremiação social e
recreativa, sem ênfase à participação política, o que parece ser a aspiração da
maioria dos sócios.
“Realizar pesquisas, no Rio de Janeiro e em outras
localidades, para levantar anseios, aspirações e tendências do Quadro Social e
do Quadro de Funcionários.”
A palavra “acompanhar”
precede quase todos os itens, mostrando uma disposição política mais moderada
que as outras chapas.
Alguns trechos:
-
Acompanhar os grandes acontecimentos
no País e o momento político nacional, expressando as posições do Clube, sempre
que isso for recomendável. - Acompanhar
o trâmite da representação interposta pelos Clubes Militares junto ao
Ministério Público Federal contra a parcial e revanchista Comissão Nacional da
Verdade. - Criar um fórum permanente de debates sobre temas de interesse
nacional, regional ou das Forças Armadas, com segmentos representativos da
sociedade, com ênfase aos relacionados com a Amazônia;
Concluindo. Para aqueles que
esperavam que na próxima gestão o Clube Militar voltasse a ser ator influente no
cenário político nacional, o resultado das eleições pode ter sido como um banho
de água fria. Ao que tudo indica, o Clube Militar tende a permanecer, como
diria o general Valmir Azevedo.
Palco de...
Palco de...
‘tertúlias
quiméricas e desfiles de moda, Lá, se podem disputar torneios de xadrez,
jogos de pingue – pongue, natação, promover bailes, encontros
literários, e outras amenidades para manter os sócios, em geral da reserva,
numa redoma telúrica. É um similar dos jardins dos duendes e das sílfides.
Nenhum comentário:
Postar um comentário