“Rogério T. Martins tem mesmo uma bomba
nas mãos, uma petição que pede a abertura de um processo de impeachment contra
a presidente Dilma Roussef. O documento já tem quase dois milhões de assinaturas... houve
momentos em que eram contabilizadas mais de 3 mil assinaturas por minuto... É o aparelhamento do estado e o interesse
privado se sobrepujando aos interesses públicos. Depois da “direita”, a “esquerda”
também teve sua oportunidade e já fizeram o seu papel. Quem sabe se pudermos
trocar “todos” os políticos por “outros” novos? Diz.“
Há algum tempo vínhamos publicando
na Revista Sociedade Militar textos que defendiam que a entrega de um abaixo
assinado tão grande, num momento como esse, em que Dilma Roussef tem alta taxa
de rejeição por conta da suspeita de que o PT seja um dos principais
beneficiários dos esquemas de corrupção na Petrobrás, poderia complicar mais
ainda a situação da Presidente, que já não é das melhores. Às vésperas de uma grande mobilização a notícia poderia gerar adesões em massa e levar o movimento de oposição a um momento, chamado por alguns de “ponto da virada”, em que a ideia se dissemina e é aceita de tal forma que não se pode mais conter o processo
Nos textos instávamos o autor da petição, o único com acesso ao arquivo com os dados, a protocolar o documento, honrando as pessoas que o endossaram.
Nos textos instávamos o autor da petição, o único com acesso ao arquivo com os dados, a protocolar o documento, honrando as pessoas que o endossaram.
Na sexta-feira (28/02/2015)
graças a nossa grande rede de colaboradores, identificamos o autor do abaixo
assinado.
Logo fizemos contacto e
marcamos a entrevista, queríamos conhecer o autor desse importante documento,
que talvez seja o maior abaixo assinado online pedindo o afastamento de um
presidente da república. Criar um abaixo assinado online é fácil. Mas, captar o
momento político da sociedade de forma a conseguir um número realmente
significativo de apoios em um projeto, não é algo fácil. E Rogério conseguiu
fazer isso de forma magistral.
Vejamos como se desenrolou
esse processo e quais as próximas ações no sentido de protocolar o documento.
Inicialmente questionamos
Rogério, que mora no interior de Minas Gerais, sobre seu posicionamento político.
Revista
Sociedade Militar - Como o senhor se considera em relação ao
posicionamento político? Direita,esquerda, centro etc.
Rogério
T. Martins - Infelizmente
são poucos os políticos que podem representar a mim e a pelo menos estes dois
milhões de brasileiros que se manifestaram através da petição e também por
aqueles que se manifestam nas ruas e através das redes sociais. Pessoalmente
sou apartidário, mas isto é irrelevante neste momento. O país está caótico em
todos os segmentos da economia e o dinheiro público é tratado com interesses pessoais. Não vejo nenhum partido ou político que pudesse nos representar de maneira
reta, ética e com interesses sociais. Acreditamos ser necessário promover mudanças na gestão e nos gestores. Estamos lutando por isto, por um país melhor.
reta, ética e com interesses sociais. Acreditamos ser necessário promover mudanças na gestão e nos gestores. Estamos lutando por isto, por um país melhor.
Assumindo a responsabilidade
por dar um destino correto à manifestação de quase dois milhões de cidadãos, Rogério
faz questão de dizer que acredita no processo democrático e que ninguém tem
autorização para se promover às custas do abaixo assinado pelo impeachment.
Rogério
T. Martins – Não
gosto de ver a política como “direita” ou “esquerda”, dá a sensação que nada
vai mudar. É claro que nem tudo é de tudo ruim. A “esquerda”, como quer tratar,
tem um papel importante na democracia e certamente vimos políticas boas nas
gestões anteriores, que beneficiaram principalmente a educação no que diz
respeito ao acesso às universidades, e também alguns programas sociais. A
habitação avançou, mas há muito o que fazer por ela, entretanto, a saúde e a
segurança pública voltaram no tempo, retrocederam, chega a nos arremeter a um
cenário de guerra.
O
que vejo hoje é uma crescente gestão temerária, uma iminente relação promíscua
entre a coisa pública e a coisa privada, que vem se arrastando há anos pela
“esquerda” e pela “direita” e que agora se enraizou e vem sendo feita de maneira descarada e
arrogante, e “finalmente”, a sociedade se submetendo aos prejuízos causados por
esta relação. É o aparelhamento do estado e o interesse privado se sobrepujando
aos interesses públicos. Depois da “direita”, a “esquerda” também teve sua
oportunidade e já fizeram o seu papel. Quem sabe se pudermos trocar “todos” os
políticos por “outros” novos?
Revista
Sociedade Militar – O senhor acredita que depois que a esquerda
assumiu o controle do executivo as perspectivas do país aumentaram ou
decresceram em relação a quesitos como saúde, habitação e nível intelectual da
sociedade?
Rogério
T. Martins - É
claro que nem tudo é de tudo ruim. A esquerda tem um papel importante na
democracia, vi políticas boas nas gestões anteriores, que beneficiaram
principalmente a educação no que diz respeito
ao acesso às universidades e alguns programas sociais. A habitação avançou, mas há muito o que fazer por ela, entretanto, a saúde e a segurança pública voltaram no tempo, retrocederam. A saúde e a segurança nos arremete a um cenário de guerra.O que vejo hoje é uma crescente gestão temerária, uma iminente relação promíscua entre a coisa pública e a coisa privada e ainda a sociedade se submetendo aos prejuízos causados por esta relação. É o aparelhamento do estado e o interesse privado se sobrepujando aos interesses públicos. A esquerda também já fez o seu papel.
ao acesso às universidades e alguns programas sociais. A habitação avançou, mas há muito o que fazer por ela, entretanto, a saúde e a segurança pública voltaram no tempo, retrocederam. A saúde e a segurança nos arremete a um cenário de guerra.O que vejo hoje é uma crescente gestão temerária, uma iminente relação promíscua entre a coisa pública e a coisa privada e ainda a sociedade se submetendo aos prejuízos causados por esta relação. É o aparelhamento do estado e o interesse privado se sobrepujando aos interesses públicos. A esquerda também já fez o seu papel.
Revista
Sociedade Militar – O
senhor foi informado pela própria Avaaz que P.Abramovay não é mais diretor da
instituição. O senhor acredita que isso proporciona à organização uma “cara”
mais isenta, já que o que se ouve é que é representante de interesses da
esquerda?
Rogério
T. Martins -
Infelizmente não, a política não permite esta isenção.
Revista
Sociedade Militar – O
senhor já foi contactado por alguém interessado em lhe ajudar aprotocolar a
petição na câmara federal. Como seria feito isso, dado a dimensão do
“documento”?
Rogério
T. Martins - Milhares
de cidadãos são a favor do ato. Percebemos isso pelas manifestações nas redes
sociais, pelas manifestações de rua e pela própria petição, todos querem que esse “movimento” seja alavancado. Mas entendemos que o movimento não é uma manifestação política e sim uma manifestação
social. O compromisso deve ser com a sociedade, com a ética,com a moral, comas
normas e com os princípios. A entrega do documento será apenas intermediada por
alguém que tenha acesso fácil ao congresso.
Revista
Sociedade Militar – Qual impacto o senhor acredita que a
divulgação desse abaixo assinado gigantesco pode causar no governo? Pode
acrescentar algo, se desejar.
Rogério
T. Martins - Queremos
um país administrado dentro dos princípios básicos da administração –
Legalidade, Finalidade, Motivação, Razoabilidade, Proporcionalidade,
Moralidade, Ampla Defesa, Contraditório, Segurança Jurídica, Interesse Público
e Eficiência, respeitando a Constituição e principalmente a todos nós
Brasileiros. Este é o fim a ser perseguido, o interesse público.
Nenhum
partido ou político poderá se beneficiar deste documento. Ele é resultado de um
movimento social, que certamente já teria alcançado os cinco milhões de adesões
se não fosse a própria política. As assinaturas serão encaminhadas para o
Congresso Nacional com o objetivo único e exclusivo de ser protocolado e
entregue diretamente ao Presidente da Câmara dos Deputados.Não apoiamos
intervenção militar, tudo deve ser feito dentro da lei, utilizando os recursos da
Constituição.
Rogério T. Martins tem mesmo
uma bomba nas mãos, uma petição que pede a abertura de um processo de
impeachment contra a presidente Dilma Roussef que já tem quase dois milhões de
assinaturas no site Avaaz, um dos mais famosos veículos de petições online.
Rogério é analista de
sistemas, já trabalhou como administrador, desenvolve aplicações em Delphi e
outra linguagens e mantém um site na rede, que pode ser acessado no endereço abaixo. (http://disseminarinformacao.blogspot.com.br/2011/05/manager-design-patterns-aplicacao.html).
A petição foi iniciada ainda
antes da copa do mundo. Na época divulgamos o material aqui,
e aqui. Mas, segundo ele relatou, pouco das eleições
de 2014 é que a movimentação política se intensificou e o número de assinaturas
aumentava rapidamente. Para ele a alta adesão na petição reflete o momento atual,
de grande decepção e insatisfação, vivido pela sociedade.
O analista conta que houve
momentos em que eram contabilizadas mais de 3 mil assinaturas por minuto. Isso
significa que, a cada segundo mais de mais de 50 pessoas assinavam a petição.
Pouco depois da eleição chegou-se a 1,1 milhão de assinaturas de pessoas. Aí
começaram a surgir alguns problemas.
“Inicialmente
o site começou a falhar e logo saiu do ar. Por um momento apresentava apenas
uma mensagem de erro na tela. Pude observar que todas as outras petições do
AVAAZ funcionavam perfeitamente e apenas esta petição apresentava problemas. Em
dado momento a conexão se restabeleceu e logo apresentou uma página totalmente
modificada.” Diz.
Todos que acompanham a
petição perceberam e ficaram indignados quando o site retirou os contadores em
tempo real. Dessa maneira ninguém mais poderia saber quantos assinavam por
hora. Depois de algum tempo surgiu um texto explicando que o sistema passava
por problemas causados pelo grande número de acessos. Uma mensagem informava
que nenhuma assinatura seria perdida.
Em vários grandes sites
via-se inúmeros comentários de leitores dizendo que a Avaaz era esquerdista,
que nunca iria liberar a lista de assinaturas etc.
Realmente a Avaaz demonstrou
claramente sua insatisfação em manter o documento online.
Texto
encontrado no site Avaaz: “A Avaaz
indagou a um grupo representativo dos seus membros brasileiros sobre a petição.
Os resultados preliminares mostram que a maioria dos membros não apoia tal
petição, mas também acredita que ela não deve ser retirada do ar.”
Como a repercussão era
enorme e a retirada do abaixo assinado poderia prejudicar a reputação da
organização, que no Brasil é vista como “de esquerda”, entendemos que foram praticamente obrigados deixar a "bomba" online.
Rogério conta que recebeu um
telefonema do diretor de campanhas da Avaaz, Michael Freitas Mohallem, que, além de dizer que Pedro Abramovay não era
mais diretor da entidade, explicou que as modificações na petição eram
temporárias e causadas pelo grande número de acessos simultâneos.
No domingo (02/03/2015) o
abaixo assinado possuía mais de 1,93 milhões de assinaturas, e pode chegar a 2
milhões nessa primeira semana de março, inclusive alavancado pela repercussão
dessa entrevista em Revista
Sociedade Militar e Blog Revista Sociedade Militar
Já Intermediamos o contacto
entre Rogério e algumas lideranças, inclusive políticas, da atual mobilização
nacional em prol da moralidade e fim da corrupção no governo. O analista, como
vimos acima, fez questão de dizer que não tem nenhuma pretensão política e que
é apartidário.
Rogério tem tido algumas dificuldades
para obter o documento no site da Avazz, talvez devido a dimensão do mesmo, queremos crer. Ele
disse que já tentou diversos contatos, mas só hoje (04/03/2015) obteve
progressos. Adiantou que assim que tiver o documento em mãos pretende
entregá-lo para ser protocolado. Contudo, foi-nos solicitado sigilo, por
enquanto, em relação aos nomes envolvidos no procedimento.
Obviamente, o abaixo
assinado online não tem qualquer poder legal. Mas, indubitavelmente, tem um poder
político avassalador. Pois, como bem disse o autor, representa a vontade de
quase dois milhões de cidadãos brasileiros. Um número que jamais poderá ser
desprezado por nenhuma autoridade.
A ideia inicial, conforme
revelada por uma das pessoas que estão em contacto com Rogério, seria imprimir
as assinaturas e levar os vários volumes até o Congresso Nacional. O procedimento
seria bastante dispendioso e complicado. Seria necessário várias pessoas para
transportar cerca de 70 mil folhas de formato A4, impressas em uma face, com 27
assinaturas cada. O que equivale a 140 resmas de papel, pesando de mais de 320
quilos. Talvez por isso seja melhor que o documento seja entregue em formato
eletrônico.
Impresso ou em formato
eletrônico, entende-se que o ideal é entregar o abaixo-assinado em um ato
público, para garantir que a sociedade e signatários tenham pelo conhecimento
de que o mesmo chegou ao destino prometido no escopo da petição. Isso tudo
ainda na segunda semana de março. O significativo número de assinaturas deve
ser passado às mãos do Deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, o mais
rápido possível.
Se esse documento for
protocolado na Câmara dos Deputados antes do dia 15 de março, poderá, além do
déficit político causado ao governo, engordar mais ainda as já grandes manifestações
que ocorrerão.
Robson
A. D. Silva – Cientista Social - Revista Sociedade Militar.
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