24 de setembro de 2014

Se o COMANDO é CORRUPTO a TROPA está correndo risco. Estado maior no RIO recebe 15 mil de cada quartel.



   Ontem os militares do Rio de janeiro, de todas as forças, se sensibilizaram com a situação revelada por um praça. Em delação premiada o militar revelou que cada unidade da polícia militar era obrigada a contribuir com uma espécie de “caixinha”, que ia pra o estado maior da Polícia Militar carioca. Qualquer militar é capaz de entender a situação complicada que vive um subordinado quando seus superiores são corruptos.
  Uma ação realizada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (Seseg), junto do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco), prendeu, no dia 15 de setembro, 25 pessoas, sendo 24 policiais militares denunciados por integrarem um esquema de arrecadação de propinas no comércio e no transporte irregular na região de atuação do 14º BPM (Bangu). Foram presos 24 militares, entre eles estão cinco oficiais, incluindo o chefe do Comando de Operações Especiais (COE), coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, e o subcomandante do COE, major Edson Alexandre Pinto de Góes. Todos já foram exonerados dos cargos.
Mais do que discutir aqui a questão do absurdo de existirem membros da cúpula da segurança pública envolvidos em falcatruas, discutiremos as implicações sociais / hierárquicas / disciplinares que existem em esquemas como esse.
Um militar de baixa patente, como um tenente ou um soldado, que acabaram de sair das academias, se vê totalmente “sem chão” quando descobre que o próprio comando está ligado à falcatruas, coleta de propinas, liberação de criminosos mediante suborno etc. Em uma situação desse tipo passa pela cabeça várias coisas. O jovem militar, honesto, vivendo ainda um sonho de ajudar a sociedade, primeiro pensa em delatar o esquema. Quando conversa com um colega de turma, lotado em outro quartel, descobre que lá também ocorrem coisas parecidas. Outro colega lhe diz que o Estado Maior da polícia sabe de tudo e é o maior beneficiado com os esquemas criminosos.  Alguém disse que membros do governo também sabem! Outro disse que todo mundo faz!
O militar de baixa patente pensa: E AGORA? O QUE FAZER? VAI DELATAR PRA QUEM? Serei morto!!! Dependo de superiores para ser promovido, e minha carreira, como fica? Serei visto como DELATOR o resto de minha vida!!! 
O comandante de OPERAÇÕES ESPECIAIS está envolvido, alguém acha que existe sigilo para um homem com esse poder? Mesmo que ele fosse exonerado, expulso, preso... Poderia sempre haver um amigo de turma disposto a se vingar do delator, agora chamado de X9, alcagueta, dedo-duro... Safado!
Se o Estado Maior é quem recebe o dinheiro, pode ser que até membros do governo estejam envolvidos. O militar geralmente decide que é melhor permanecer quieto, afinal ele teme por sua própria vida, e pela vida de sua família. Contudo, na medida em que não delata o que acontece, passa a ser cúmplice.
O regulamento é bem claro, quem não denunciar erros de subordinados é passível de punição. Depois de alguns anos de caserna supõe-se que, vivendo uma situação como a denunciada pelo policial carioca, que durou anos, qualquer militar estará envolvido até o pescoço, se não por ação, o será por omissão.
No caso de superiores a coisa piora. O regulamento diz que antes de qualquer acusação contra superiores hierárquicos deve-se pedir permissão aos mesmos para fazê-lo. Pois é, se não denunciar o subordinado incorre em crime, se o fizer arrisca a carreira e o próprio pescoço.
O militar chegou a dizer que os policiais que mais arrecadavam passavam a fazer parte do círculo de confiança do comando. Entende-se aí que quem não arrecadava não era confiável. sabe-se lá se não eram esses que iam para as piores e mais perigosas missões, que tiravam mais serviços e outras "sanções" por não colaborar com o esquema.
Depois de descoberto um esquema desse tipo todas as punições deveriam ser revistas, sabe-se lá se não foram por perseguição da cúpula comprometida com a arrecadaçao de dinheiro para o comando.
Isso é BRASIL. Os primeiros a ser punidos na questão das falcatruas ocorridas no Rio de Janeiro deveriam ser os governantes, por jogar a tropa nas mãos de pessoas inescrupulosas. Quem escolhe os comandantes é o EXECUTIVO. Portanto, puna-se o executivo.
Robson A.D.Siva – Sociólogo. Escreve para Revista Sociedade Militar.

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