16 de outubro de 2014

O BRASIL precisa mudar, Diz The Economist.







Em 2010, quando os brasileiros elegeram Dilma Roussef como presidente, o país parecia finalmente estar à altura de seu enorme potencial. A economia cresceu 7,5% naquele ano, o índice selou os oito anos de crescimento rápido e queda acentuada na pobreza sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva, mentor político de Dilma Roussef e líder do Partido dos Trabalhadores, de centro-esquerda (PT). Mas, quatro anos depois a euforia desapareceu. Sob a batuta de Dilma Rousseff a economia estagnou e o progresso social diminuiu. Hoje o Brasil é, de longe, o membro mais fraco do Brics, bloco formado por grandes economias emergentes. Em junho de 2013 mais de um milhão de brasileiros saíram às ruas para protestar contra serviços públicos ruins e corrupção política.

Desde que os protestos nas urnas mostraram que dois terços dos entrevistados quer que o próximo presidente seja diferente. No pleito, Dilma garantiu 41,6% dos votos e continua a ser o candidato favorito para ganhar a eleição do segundo turno, em 26 de outubro. Isso ocorre principalmente porque a maioria dos brasileiros ainda não sentiu o desastre econômico em suas vidas diárias, embora devam sentir em breve.

Aécio Neves do partido de centro-direita da Social Democracia Brasileira (PSDB), que conquistou 33,6%, tem se esforçado para convencer os brasileiros mais pobres que as reformas que ele diz que o país precisa urgentemente deverá beneficiá-los, e não  prejudicá-los. Se o Brasil quer evitar mais quatro anos de deriva econômica, é vital que ele consiga fazê-lo.

Uma campanha derrubada pelo destino.

A Tarefa do Sr. Aécio Neves foi dificultada por uma tragédia, tão dramático como uma telenovela brasileira. Dois meses atrás, o terceiro colocado, o candidato Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião a caminho de um comício. Sua ex-companheira de chapa e substituta, Marina Silva, subiu para a liderança nas pesquisas. Uma ambientalista, Marina Silva é a queridinha dos manifestantes, o símbolo de uma "nova política". Confrontada com ataques às vezes desleais de Dilma Rousseff, Marina Silva pereceu. Não ajudou em nada o fato de ela ser uma protestante evangélica num país em que ainda é de maioria católica. No final, a sua cota de 21% dos votos foi quase maior do que ela conseguiu em 2010.  O segundo turno vai repetir a batalha entre o PT e o PSDB que define as eleições presidenciais tudo do Brasil desde 1994 .
Neste percurso, o principal trunfo da Dilma é a gratidão popular pelo chamado pleno emprego, salários mais altos e uma alavanca de eficazes “programas-não-sociais” apenas  fluxos de transferências do Bolsa Família, mais habitação de baixo custo, bolsas de estudo e programas rurais de energia elétrica e de água no pobre nordeste. Estas são conquistas reais. Mas ao lado dessas conquistas há desastres, embora menos palpáveis, tanto na economia como na política.
A economia mundial está conturbada e o grande boom de commodities prejudicaram o Brasil. Mas o país tem se saído pior do que os seus vizinhos latino-americanos. A intromissão constante de Dilma nas políticas macroeconômicas e as tentativas de regular o setor privado fizeram o investimento cair. Ela tem feito alguns esforços para resolver os problemas estruturais do Brasil: a sua infra-estrutura precária, altos custos do sistema fiscal, montanhas de burocracia e um código de trabalho rígido, copiado de Mussolini.
Dilma reviveu o tempo de estado corporativo do Brasil, servindo-se favores para apadrinhados, como incentivos fiscais e empréstimos subsidiados de bancos estatais inchados. Ela prejudicou muito a Petrobras, a companhia estatal de petróleo, e a indústria de etanol, mantendo pressionado o preço da gasolina para mitigar o impacto inflacionário de sua política fiscal. Um escândalo de corrupção na Petrobras salienta que é o PT, e não os seus opositores como reivindica Rousseff, que não é confiável.
Dilma retira força das falhas do Sr. Neves como candidato. Como governador de Minas Gerais, Aécio é citado por ter gasto dinheiro público em uma pista de vôo em cidade pequena, que só aconteceu de estar perto de sua fazenda. Durante os últimos 12 anos Lula, que ainda tem o apreço dos pobres, o PT tem caricaturado o PSDB como um partido de gatos gordos e sem coração.
No entanto, as políticas do Sr. Neves beneficiariam brasileiros pobres, bem como os prósperos. Ele promete colocar o país de volta no caminho do crescimento econômico. Seu registro, e o de seu partido, faz sua reivindicação credível. Nas presidências de Fernando Henrique Cardoso na década de 1990, o PSDB venceu a inflação e lançou as bases para o progresso recente do Brasil; e em dois mandatos como governador, o Sr. Neves transformou Minas Gerais, segundo estado mais populoso estado do Brasil, em um exemplo de boa administração, com algumas das melhores escolas do país. Aécio fez isso em grande parte, cortando a burocracia. Ele tem uma equipe impressionante de conselheiros liderados por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, que é respeitado por investidores. Aécio implementaria também um retorno à políticas macroeconómicas sólidas, há a promessa da equipe em reduzir o número de ministérios, tornar o Congresso mais responsável ​​perante os eleitores, simplificar o sistema fiscal e aumentar o investimento privado em infra-estrutura.
Sr. Aécio Neves merece ganhar. Ele lutou uma campanha tenaz e provou que ele pode implementar suas políticas econômicas. A maior ameaça para os programas sociais é a má gestão da economia do PT. Com sorte o aval de Marina Silva, ex-petista nascido na pobreza, deve reforçar a sua campanha. O Brasil precisa de crescimento e melhor governo. Sr. Neves é mais provável para fazer isso do que Dilma Roussef.

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