2 de julho de 2015

Daciolo votou pela manutenção da maioridade penal aos 18 anos e defende carreira única nas instituições policiais. Ele é de DIREITA ou de ESQUERDA? E agora, não representa mais os MILITARES?


Ontem recebemos vários e-mails nos questionando sobre o fato de divulgarmos as ações de Daciolo em favor das demandas de militares das Forças Armadas. Nos parece que algumas pessoas, em pleno sec.XXI, só admitem ser representadas por alguém que corresponda 100% ao seu posicionamento político. Na visão dessas pessoas, para que Daciolo tivesse o direito de carregar até o Ministério da Defesa um papel pedindo reajuste para os militares ou pedindo modificações em planos de carreira, ele primeiro teria que ser aprovado em algo como um questionário padrão, que o definisse como um político conservador, ou 100% de direita.

Os militares brasileiros foram extremamente eficazes na ação que perpetraram para evitar que o Brasil de tornasse um país comunista. Essa ação com toda certeza também livrou as Américas como um todo da fúria stalinista que se alastrava pelo planeta. Contudo, passaram-se já mais de 50 anos desde 1964, e o Brasil não precisaria reviver nessa década, em pleno sec. XXI, uma espécie de guerra fria. Ha pessoas que enxergam o Brasil de forma extremamente maniqueísta, acham que todos os eventos estão relacionados a luta entre o bem e o mal, direita e esquerda.

Hoje o país é governado por um partido de esquerda, o Comandante em chefe das Forças Armadas é uma militante de esquerda. O Ministro da Defesa é membro de um partido de esquerda e tem franca simpatia por personagens que lutaram contra os militares. Essa questão fica muito mais complicada porque os próprios militares em esmagadora maioria se declaram anti-esquerda. Se permanecerem durante todo o tempo em uma postura de confronto contra qualquer um que eventualmente tenha uma ou outra posição que possa ser interpretada como de esquerda, ou progressista, qualquer negociação falece ainda na gestação.


Ainda que o PSOL se auto-denomine como antro da esquerda pensante, certamente por ânsia de votos, permitiu que o Cabo Daciolo concorresse debaixo de sua sigla. Daciolo é um militar com convicções que não se alinham com a esquerda e muito menos com a direita. Benevenuto Daciolo parece ter uma postura independente, não construída cm base em paradigmas políticos. Ele com toda certeza não age de acordo com uma receita prescrita de posicionamento político.

Na verdade nenhuma pessoa sensata age de acordo com receitas pré-escritas há mais de 50 anos, construídas em contextos completamente diferentes. Nem mesmo aqueles que são vistos como radicais agem assim. Flavio Bolsonaro, deputado carioca, da família Bolsonaro, considerada radical de direita, luta pela flexibilização dos regulamentos da polícia militar. É uma postura progressista, nada conservadora. Será agora odiado pela “direita” por isso?

Temos que estar atentos, as coisas se modificaram. De algumas décadas para cá o esquerdismo deixou de ser apenas um posicionamento político-econômico, e passou a se definir, acima de tudo, como a defesa de pautas culturais progressistas. O sujeito a defender não é mais o proletariado, agora a esquerda patrocina minorias, negros, gays, empregados oprimidos e todos aqueles que se auto-declaram como perseguidos, prejudicados etc.

Daciolo essa semana declarou, para ódio das camadas superiores das Forças Armadas e Auxiliares, que defende uma carreira única para os militares. É tudo uma questão de ponto de vista. Para a oficialidade da polícia carioca, a posição do cabo é quase uma ofensa, e revanchista. Para os graduados é uma proposta justa. O deputado acredita que todos deveriam ingressar como soldados com chances iguais de ascender até os maiores postos. Esse é o tipo de posicionamento caracterizado como esquerdista, revolucionário. A visão é a mesma quando se observa o que ocorreu no inicio de junho, quando o referido deputado visitou quartéis de bombeiros por todo o estado do Rio, conversando com militares graduados.

Em Campos Daciolo chegou a prestar queixa em uma delegacia, o comandante da unidade não permitiu que entrasse.
Por outro lado, Daciolo defende que o Ministério da Defesa seja ocupado por um militar. Em entrevista declarou, em relação a descriminalização do aborto, o casamento civil igualitário e a legalização da maconha, que sua posição seria de acordo com a Bíblia sagrada. O cabo – deputado também é contra a desmilitarização das polícias.  E ainda essa semana iniciou a tramitação de sua PEC que coloca Deus na Constituição Federal. Essas posições poderiam ser vistas como bastante conservadoras não é mesmo?

O militar – subalterno – cristão - deputado assume vários posicionamentos, que juntos não se enquadram em nenhuma categorização política. Exactamente como qualquer brasileiro da atualidade.
Nessa quarta-feira, o deputado, que defende a PEC 300 e também policiais acusados de assassinar o Amarildo, após votar contra a redução da maioridade penal foi atacado duramente por militares nas redes sociais, o que o fez publicar uma resposta.
As minhas convicções sobre a Maioridade Penal sempre foram públicas e sinceras. O meu compromisso é com Deus e com o povo brasileiro. Não me dobrarei ao sistema corrupto.
Nesse mesmo dia, em que votou contra a redução da maioridade penal, o deputado Daciolo liderou uma concentração de militares das Forças Armadas.
Até Daciolo “aparecer” há alguns meses, os militares tinham Jair Bolsonaro como seu principal ‘porta-voz”. Mas, como Bolsonaro é persona non grata nos corredores “esquerdistas” do planalto, parece que, por uma questão obvia, ele permaneceu longe das negociações salariais. Parlamentares, por força do artigo 61 da CF1988, não podem apresentar projetos para reajustes salariais e planos de carreira para militares federais. A única coisa que podem fazer é pressionar politicamente o governo para que apresente uma proposta a ser votada no congresso.
No último mês Daciolo convocou ativa e reserva para uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, conseguiu reunir quase 300 pessoas. Essa foi a primeira convocação de que se tem notícia para militares da Ativa e Reserva comparecerem a uma reunião pública. Mesmo sabendo que Ativa e Reserva foram convocados, Jaques Wagner considerou o movimento como legal e até mandou um representante até o local para ouvir as queixas dos militares.
Como não houve nenhum sinal de repressão, certamente nos próximos eventos haverá mais pessoas.
Em relação a representação política é preciso inteligência. Não se pode descartar alianças importantes por que determinado político infringiu uma única regra da nossa longa lista de expectativas políticas.

Robson A. DSilva /  

Nenhum comentário: